sexta-feira, 10 de junho de 2011

Uma história


Não há,nunca houve e muito dificilmente um dia haverá união entre as pessoas dessa família...Não que eles não tentem,não que eles não queiram.
Mas essa família carrega mil e uma histórias de sofrimento,dor,humilhação,e tudo o que há de ruim.Não que não exista histórias boas e engraçadas,mas existe cem vezes mais histórias ruins...
Porque a vida da mãe sempre foi assim,ela já tentou o suicídio três vezes,tentou se separar,mas a mãe não tinha mãe e sem mãe a mãe continuou vivendo essa vida de tristeza.
A mãe é de três filhos,ficou grávida nove vezes,teve cinco abortos espontâneos,deu a luz à uma menina,que no terceiro mês de vida faleceu,infectada por um vírus hospitalar e ainda mais frágil por ser prematura.A mãe chorou,a mãe morreu por dentro mas sua força e sua coragem não poderiam morrer,pois esta necessitava manter-se forte para criar seu filho mais velho,que tinha uma série de problemas psiquiatricos,ou até mesmo não os tinha,mas pela incompetência e desinformação dos médicos daquela época,que fingiam saber,mas não sabiam de nada,eles os desenvolveu.Hoje ele tem 40 anos...passou-se muito tempo e pouquíssimas coisas mudaram.
A mãe teve mais duas filhas,a mais velha com diferença de três anos da caçula,sempre foi de dar trabalho,ela trocava seus cadernos de escola por qualquer escova de dente usada,e todos os dias a mãe na sua simplicidade comprava um caderninho e um lápis,que no fim do dia já não existia de tanto que foi apontado...esta cresceu,e aos 16 anos teve seu primeiro namorado,daí lascou-se,aos 19 anos estava grávida,indesejadamente,e quis abortar,não que isso tenha sido dito,mas ao olhar em seus olhos e analisar seu comportamento qualquer um poderia ver que a criança era apenas um acidente...Ela nasceu,uma menina,linda e de olhos azuis escuros...boquinha vermelha,uma gracinha.A filha gostou de saber que era mãe de um bebê tão lindo com aquele,mas esse gostar sumiu assim que ela percebeu o quão responsável teria que ser para ter um filho,ela pegou a menina,entregou à sua mãe,que da menina era avó,ela caiu no mundo,namorou,errou demais,e quando a menina tinha 5 anos ela voltou para casa,pois estava cansada de errar, e resolveu que tentaria ser mãe,só que então já era tarde,a mãe da menina era sua avó e seu pai era seu avô,aliás,eu não falei de seu pai,mas esse não precisa de muita descrição,era apenas um idiota,desgraçado,que apesar de 34 anos,era pior e mais imaturo do que eu que tenho 19 a menos...
A filha mais velha,pelo que eu via ela tentava ser mãe,ia à locadora,ia ao cinema,ao shopping...mas a menina era difícil,sempre foi,ainda é;Nada disso a fazia chamá-la de mãe.Hoje a menina tem 15 anos,ela mora com os avós,os chama de pai e mãe e apesar do carinho que ela sente pela mãe biológica,não a chama de mãe,pois infelizmente ela não sente isso.Hoje a filha mais velha tem outro filho,é casada,tem o que precisa,é feliz.
A filha mais nova,também deu seus trabalhos,ela tinha um namorado e ela ficou presa a ele durante 7 anos,pois ele dizia que se ela o deixasse ele se mataria,a mataria,enfim...um drama.
Depois desse namorado ela teve outro,e com este ela casou-se,muito nova,com 24 anos e ele mais novo ainda...o casamento durou 2 anos e meio bom,e o outro 1 ano ele chegou a agredi-la,saía para baladas,e ela carente,fazia faculdade e lá encontrou um amigo para todas as horas,daí subentende-se o que aconteceu;Pois bem,descoberta AS traições,pois não só ela traía,mas ele também...Após eles descobrirem-se adúlteros,o casamento terminou,ele foi embora de casa,ela continuou lá...passou 2 anos sozinha,ou melhor dizendo,acompanhada,mas apenas nas horas que o seu companheiro não estava com a esposa,fora essas horas e as que ele trabalhava,ele continuava sendo o bom e velho amigo de todas as horas.
Ela encontrou então,um homem qualquer,que era um metido,arrogante,prepotente,mas isso ela só descobriu depois que já estava namorando com ele, este namoro durou muito pouco,cerca de 6 meses;Não que eu apoiei,mas acredito que até o amante era melhor que esse namorado de nariz empinado.Enfim...ela terminou com o metidinho e logo engatou romance com um outro homem,muito inteligente,esperto,interessante...mas que,assim como todos os outros,também tinha um problema;Conhece ciúmes exagerado?É horrível,mas eu não sabia que era contagioso,e por consequência ela acabou tendo também...daí surgiam as brigas,sempre! Ambos relembravam o passado um do outro,e eram sempre brigas terríveis.Mas até então,eles não sabiam que entre eles havia uma vida,especificamente falando,uma menina,e eles descobriram o sexo no quinto mês.Nessa gravidez ela sofreu muito,teve muitas,muitas complicações,enjôos,vômitos,dores de cabeça descomunais;E difícil,digo difícil em seu verdadeiro sentido,era a noite e até mesmo o dia que eles passavam em casa,pois a maioria,eles passavam no hospital.Unidos,como poucas vezes em toda a vida;A filha mais nova,seu companheiro e a mãe,lutando por uma vida.A lute teve recompensa,a menina nasceu,linda e saúdavel,apesar dos inúmeros remédios proibidos para gestantes que ela teve que tomar,por não ter mais opções.
Hoje a "lutinha" tem 1 ano e só posso dizer que dá muito trabalho,mas que é a razão do sorriso deles.E...sua mãe está grávida de 4 meses,e nessa gravidez também teve muitas implicações,tais como as outras,ou em partes até pior,mas passou...Antes de terminar a filha caçula,gostaria de citar que a filha dela,é como a filha da filha mais velha,criada pela avó,sim,a mesma...Pode-se dizer que ela nasceu para isso.Cuidar,menos de si.
Também gostaria de citar,que a filha caçula e seu companheiro tinham muitíssimas brigas,feias,de até pensar em chamar a polícia,mas por covardia nunca chamaram...Agora eles estão bem,mas bate na madeira,só que não se sabe por quanto tempo,infelizmente é uma relação instável,mas como tudo leva um tempo para estabilizar-se,vejamos...
Agora vou falar da filha da filha mais velha,que cresceu em meio a discussões,brigas,e todos os demais problemas narrados na história.Porém,ela passou por tudo isso com um agravante,ela foi rejeitada pelos pais,não,nunca lhe faltou amor,e por isso ela superou,mas superar não significa esquecer,e as vezes ela lembra disso,e mesmo tendo superado,se entristece,por saber que em nenhum momento ela foi desejada,e em menos momentos ainda,ela cresceu em um lar,em um ambiente familiar ela até que cresceu,tinha os pais que eram os avós,mas enfim,para ter-se um lar é preciso muito mais que uma família.Hoje essa menina tem muitos conflitos,mas estes conflitos ocorrem dentro de si mesma,pois ela não os deixa vazar para as pessoas que a cercam,porque ela sabe que já existem muitos problemas,para que os dela também sejam conhecidos,então ela se fecha;Ela não é apática,é simpática,ela só não conta,até porque contar não vai resolver,então...
Agora vou contar da personagem principal deste drama,a maioria das personagens principais são os primeiros a serem citados,mas essa é uma história diferente,eu deixei pro final porque é mais complexo,requer mais atenção e quem sabe,até um pouco de psicologia...Então lá vamos nós...
Não sei bem se tem a ver,mas principal dá a ideia de princípio,e não se importando com a ordem,é o princípio,e é dele que surge todas as brigas,não o culpo,o vício fez isso com ele...um copo de pinga foi a estrada para a perdição.
Ele se casou na década de 70,com uma menina,menina mesmo,de 16 anos.Os primeiros meses do casamento foi uma bela união,eram felizes,até ele voltar a beber,chegava de madrugada,quebrando tudo,tudo e toda...toda a cara da mulher,que saiu de sua casa para viver melhor,mas acabou se dando muito pior do que já estava,acontece que ela estava fragilizada pela perda da mãe e este homem a consolou,as coisas tomaram outro rumo e foram parar no altar.
Eles estiveram ali,durante esses 40 anos...ele tinha épocas de sobriedade,mas eram poucas...nos últimos 23 anos ele não colocou uma gota de alcool na boca,isso com certeza ajudou muito em sua melhoria,de 100% que ele era ruim,ele melhorou 90%...mas continua um grosso,não se preocupa com sua família,só consigo mesmo,e com o dinheiro que ganha com seu trabalho paga algumas contas e o resto evapora,some,nem sinal!
Nesse aspecto há problemas mas não tanto quanto há em sua ignorância quanto a sua família,e o pouco importante que ela é para ele.Ele nem mesmo dirige a palavra as filhas,nem a esposa,a esposa ele pergunta sobre o almoço,ou janta,ou café,às filhas fala sobre o carro,ao filho sobre o serviço,que ele ajuda-o a fazer,isso quando não o está chamando de filho da _ _ _ _,a neta,que é filha também,ele pergunta sobre os e-mail's,que ela cuida dos negócios dele;Falando dessa maneira,até parece que eles têm uma situação boa,mas na verdade não,pode-se pegar o dinheiro que for,que a má administração cubrirá o valor...
Nisso tudo,ele parece mesmo um monstro,mas quando acostuma-se não é tão ruim assim,pensando pelo lado positivo poderia ser pior,como já foi,não é mais,e eles conseguem até amá-lo.
Leu tudo?Acompanhou?Entendeu?
Imagine então,toda essa história,sendo carregada nas costas de uma mulher,não só dela,mas principalmente dela...imagine...TUDO,dia-a-dia,noite-a-noite,de domingo à domingo,de sol-a-sol,e até quando não tem sol...Em tempo permanente,toda hora!
É difícil!
Filhos que se importam,mas não o suficiente para que haja uma mudança,um marido que tampouco se interessa se ela está bem;A neta mais velha,que também é filha,ajuda no que pode,mas ela não pode muito,pois não trabalha,e quem não trabalha não tem dinheiro...
Ela ajuda com os afazeres,a cuidar da outra neta,ajuda ao pai(avô),com seu serviço e serve de ombro pra mãe,quando ela necessita desabafar,chorar,reclamar da vida com alguém,ela sempre está lá...até mesmo quando quer faltar não falta,pois sabe que se faltar não haverá ninguém que a possa substituir.
Ela tenta pacificar as relações entre pai e mãe,mãe e filha,pai e filho,tia e tio...Muitas tentativas são em vão,mas no fim de tudo não se poderá dizer que ela não tentou,pois isso foi o que ela mais fez.
Hoje pela manhã ouvi uma frase que dizia: "A força vem da união"...E refleti :"Onde não há união,tampouco haverá força",grudei essas palavras na geladeira,não sei se notaram ou não...mas ainda assim está lá.
A família carrega muitas histórias de dor e sofrimento,vivem um drama mas apesar de tudo eles conseguem sorrir.
Aliás,não consigo imaginar o que seria da vida deles sem o sorriso.

Quando não há mais saída,
A única coisa que podemos fazer é rir da vida ,
Que nos apresenta inúmeras situações das quais não conseguimos nos libertar...
No fim,sempre deve-se lembrar,
Que é melhor rir,do que chorar.

4 comentários:

  1. Olá Amanda!

    Adorei o texto. É bastante triste e forte, mais a vida não é um conto de fadas, é um conto de Fatos não é mesmo!

    O choro algumas vezes é inevitável. Mais concordo com você, é melhor rir do que chorar!

    Não sou do tipo religioso, mais tenho minhas conversas com Deus. E sempre costumo me lembrar que a vida por si só, já é um milagre. Na grande maioria das vezes, nossos problemas fecham nossos olhos, mais devemos sempre acreditar em Deus, e quando a vida nos for adversa, botar um lindo sorriso no rosto e buscar a felicidade acima de tudo!

    Um forte abraço!
    e um bom fim de semana!

    Canata

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Por mais que isso seja corriqueiro... Não consigo entender por que fazemos isso com nossas vidas! Já notou que toda história triste é feita de uma sucessão de más escolhas? E por mais que isso seja um ciclo repetitivo, a vida dos outros nunca nos servem de exemplos! Onde está a racionalidade humana, afinal? bjs e bom final de semana.

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  4. que texto!!!!!
    nem tenho palavras para definir o que suscitou em mim...
    FORTE,INTENSO E DURO.
    acho que é isso!
    Beijos Amanda!
    bom fds!
    =)

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